Nesta
semana de divulgação dos índices do IDEB/2011 (Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica), estou vendo muitas pessoas correrem para a impressa dar
explicações de forma precipitada. Peço apenas uma coisa: por favor, não culpem
somente os professores! Eles não são o problema, mas fazem parte dele.
Digo
isso porque existem muitas políticas públicas nacionais, estaduais e municipais
equivocadas e que são sem dúvida, grande parte do “imbróglio” educacional de
nosso país. Uma destas questões para mim é a recomendação do MEC para que não
ocorra reprovação nos três primeiros anos do ensino fundamental.
Na
prática tenho visto as enormes lacunas que esta recomendação está provocando na
vida escolar de muitas crianças. Aprendizagens desiguais, de crianças que (por
diversos fatores) tem ritmos diferentes, são equiparadas com esta determinação.
Isso gera em uma sala de aula, um aluno que lê e escreve cedo e alunos que nem
desenham as letras de seu nome na mesma sala. E são todos aprovados, gerando os
65% de pessoas não alfabetizadas plenamente ao final do ensino médio, segundo o
Jornal Nacional de 14.08.12.
Outra
questão importante de ser discutida é a confusão que existe e transforma em
sinônimos as palavras: QUANTIDADE e QUALIDADE.
De forma geral, estou vendo ministros e secretários de educação dizendo
que a solução para a falta de qualidade do ensino público é a implementação de
escolas de tempo integral. Na prática, isso nada tem haver com qualidade de
ensino. Isso é quantidade de tempo, em uma escola pública sem estrutura e com o
mesmo corpo docente. Ou seja, mais uma vez a escola tem a QUANTIDADE de
obrigações aumentadas, sendo maquiadas para a população como QUALIDADE de
ensino e aprendizagem.
Com
tudo isso não quero dizer que os professores não tem sua parcela de “culpa” nos
baixos ou altos resultados do IDEB. Tem sim, e dentro de suas salas de aula
todos tem consciência de seus acertos e erros. Mas se tivéssemos políticas
públicas sem discursos eleitoreiros e com metas e formação (ou reciclagem)
docente bem definidas, não precisaríamos estar procurando vilões e bandidos
nesta hora.
Precisamos
ver nossas escolas com lente de aumento, sem interferência política. Com a
família e a comunidade, em que esta escola está inserida, presentes na vida
escola dos alunos como um todo, como parceiras e não como rivais.