terça-feira, 30 de agosto de 2011

E a moda pegou!


            Desde que uma luta de classe foi interpretada por uma governante como uma atitude contrária a si própria e a seu governo, a “moda pegou” e espalhou-se por diferentes municípios do Rio Grande do Sul.
            Estamos vendo novamente atitudes arbitrárias, tentativas de censura e repressão sobre a luta pela implementação da Lei 11.738 ou Lei do Piso Salarial e pela reformulação do plano de carreira dos professores municipais de Itaara, serem confundidas com atitudes de afronta pessoal ao governo municipal. Uma luta legítima por direitos, que estão sendo negligenciados e cerceados, não pode e não deve ser confundida com um mero ataque político para desestabilizar um governo.
            Um governo passa, muda.  Seus servidores, não! Estes ficam e continuam seu trabalho independente do partido que está no governo ser A ou B. Esta é uma leitura que precisa ser feita e compreendida pelos diferentes governantes que aderiram a “moda” criada pela antiga governadora do estado: a da perseguição política. É fácil apresentar-se a sociedade como vítima de uma classe “injusta e implacável” como a do magistério. Difícil para os governantes é conceder seus direitos e deixá-los sem motivo para lutar!
            As lutas de classe são legítimas. Se elas existem no magistério são porque fazem parte de um interminável rol de desvalorização a que esta classe é submetida ao longo das últimas décadas. É necessário que a sociedade fique ciente que a melhoria na qualidade do ensino brasileiro passa sim pela valorização salarial do magistério público e que não será apenas com um giz na mão que os professores irão mudar o mundo e serem a panacéia de nosso país.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Preconceito linguístico


Nossa constituição em seu artigo 5º diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,...” E é maravilhoso ver os mais diferentes tipos de manifestações contra o preconceito. Mas há um tipo de preconceito que ainda é muito forte e é pouco combatido em nosso país: o preconceito lingüístico!
Este assunto veio à tona em função de um livro didático de língua portuguesa que segundo muitos comentários que tenho lido e ouvido por aí, está incentivando o falar errado. Infelizmente, este falar errado gera um dos mais cruéis dos preconceitos, o da fala. Ele é uma forma de humilhação, segregação e discriminação muito arraigada em nossa sociedade.
Quem nunca presenciou ou ouviu um comentário sobre a forma de falar das pessoas? Normalmente estes tipos de comentários se dividem em dois tipos: quem fala errado e quem fala certo. Mas esquecem-se os brasileiros de todos os rincões, que ninguém fala certo. Ou pelo menos, ninguém fala seguindo todas as regras gramaticais. E disso, as pessoas não se dão por conta! E em nome da boa forma de nossa língua, geram este tipo de preconceito.
É preciso saber que nossa língua não está sendo deturpada em nenhum livro didático por incentivar o livre falar. O que é necessário que fique bem claro é que falar e escrever são processos diferentes e nas escolas atualmente, procura-se não demonstrar na fala o certo e o errado. Mas na escrita, isso é diferente e é obrigação de todos os professores (independente de sua formação) apontar caminhos e buscar a correção dos erros que nela existam.
É importante lembrar que não é através da gramática que aprendemos uma língua. Isso só acontece através da fala, porque ela é livre e não deve ficar aprisionada a regras. Então para que o preconceito lingüístico diminua, é preciso aprender a respeitar o modo de falar das pessoas, uma vez que é a língua e não as fronteiras que delimitam os espaços geográficos do mundo.
É lindo ouvir os diferentes sotaques, as expressões regionais e os ditos erros que as pessoas cometem, como nós gaúchos quando usamos o pronome na segunda pessoa e o verbo na terceira. É esta diversidade que torna nossa língua bela e não difícil como muitos a julgam. Se o português fosse difícil, não o falaríamos!
Então é preciso prestar mais atenção a nossa língua e saber separar a fala da escrita. É preciso também parar de julgá-la e deixar nossa língua livre, sem as amarras da gramática, sem as regras que os mais letrados insistem em querer sobrepor aos menos letrados.
Vamos discutir o preconceito lingüístico, vamos aprender a conviver com a diversidade também neste aspecto de nossa sociedade. Vamos deixar nossa língua livre, já que nossa constituição proíbe qualquer forma de preconceito.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Formação continuada: um problema ou uma solução?

Após a leitura do texto “Pesquisa colaborativa: uma alternativa na formação do professor para as mídias” da Professora Sheila Guimarães, reafirmei a certeza de que a falha na formação docente em relação às mídias está no início de seu processo dentro das faculdades de educação. E que esta falha persiste e muitas vezes perpetua-se durante sua vida profissional em função de formações continuadas vazias. Onde os programas organizados vem ao encontro de um orçamento e não da real vontade dos profissionais que irão freqüentar este espaço.
Minha experiência com este tipo de formação, aponta para um caminho de mão única e inócuo para a prática docente. Muitas vezes (mesmo durante este curso) defendi a idéia de que é necessário que haja um mapeamento dos saberes dos profissionais da escola em relação a seus conhecimentos digitais e midiáticos, para que com os resultados, haja um planejamento mais efetivo e específico da formação continuada oferecida.
Neste aspecto, a pesquisa colaborativa casaria perfeitamente com a formação organizada pelas escolas ou pelas secretarias de educação. E com isso, professores e alunos destas redes só teriam a ganhar. Pois uma legião de ciberexcluídos iria desaparecer. E neste amplo grupo, estou incluindo professores e alunos, uma vez que se não há uma formação que vá ao encontro dos anseios do profissional, como irá acontecer a mudança de paradigma na educação brasileira?
Pouco adianta a escola receber equipamentos modernos se seus professores não sabem usá-los. A crítica de pesquisadores e estudiosos citada no texto, é mais um dos muitos motivos no rol da desvalorização do professor. Uma vez criticado, acuado este profissional não sente-se valorizado para buscar as mudanças. O olhar sobre o professor, como culpado e vilão sobre o fracasso da educação nacional precisa mudar! Ele precisa ser incentivado, ouvido e valorizado. Para desta forma ele buscar, refletir, informar-se, pesquisar e principalmente atualizar-se.
Então, é preciso estar atento para as escolas e não fazer vistas grossas ao que está acontecendo dentro delas. É preciso monitorar a inovação conservadora, é preciso preocupar-se com o uso indevido do rádio e da TV. É preciso ir para dentro das escolas. Pisar no chão e conhecer os anseios das comunidades. Para daí, fazer um mapeamento do que acontece. Buscar, refletir e pensar soluções para cada problema e assim, ao poucos, começar a mudar o cenário. Começar a fazer a diferença dentro do universo de cada professor, do universo de cada escola dos diferentes cantos deste nosso imenso país.