terça-feira, 15 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mudanças são possíveis e necessárias

Em 1998, o Ministério da Educação lançou uma série de documentos chamados Parâmetros Curriculares Nacionais e junto destes importantes documentos, lançou uma revolução, especialmente no ensino de línguas. Basicamente apoiado nas teorias de Vygotisk e Bakhtin, desviou-se o foco gramatical das aulas para o do uso e ensino de línguas através dos gêneros textuais.
De lá para cá, percebe-se que pouco tem mudado nas escolas de forma geral. Pois a leitura dos PCNs ainda é bastante teórica e difícil para a maioria dos profissionais que estão no mercado de trabalho e muito pouco explorada nos cursos de graduação. Nos editais lançados para concursos públicos de professores, este documento muitas vezes não faz parte da bibliografia e nem é citado como “item” a ser estudado para a prova.
Isso causa um atraso e um retrocesso enorme na educação brasileira, pois uma vez ignorados os PCNs, muito poucas mudanças acontecem. Tentativas mascaradas de modernização são abandonadas e tudo fica com a forma tradicional de ser ensinada. No ensino de línguas, a gramática continua sendo estudada, repetida e decorada nos bancos escolares. Com a idéia de que quem sabe gramática, sabe uma língua. Este grande equívoco, continua sendo repetido, difundido e reproduzido Brasil a fora.
Mas é possível mudar. Para isso, é necessário em primeiro lugar esforço pessoal e estudo. Muito estudo, diferentes leituras e coragem de mudar. Leva-se tempo, mas repito é possível.
Durante o praticamente todo o ano de 2009, em meu município (Itaara-RS) tivemos este estímulo para mudança através do curso GESTAR II do MEC/UnB. E como fruto deste tempo de estudo, reformulamos nosso currículo no ensino de línguas. Ele foi organizado de forma espiral aberta onde qualquer conteúdo ou matéria pode ser retomada e ampliada de acordo com a necessidade de cada turma. Assim, tiramos da gramática o foco principal do estudo e colocamos os gêneros textuais, a leitura e a produção textual como ponto central de nossas aulas.
Isso significa dizer que a valorização do conhecimento prévio, a investigação dos saberes, a leitura de diferentes textos e a produção textual são práticas constantes e cotidianas em sala de aula. Isso não significa que abandonamos o estudo da gramática, ela é usada em menor escala e como acessório importante na explicação e na aprendizagem significativa dos alunos.
Esta nova metodologia aos poucos vem contaminando colegas de outras disciplinas. Hoje, muito mais facilmente conseguimos nos articular para trabalharmos interdisciplinarmente. A leitura e a escrita de uma forma geral, são mais valorizadas nas séries finais. E corrigir um “erro ortográfico” por exemplo, não é mais tarefa apenas do professor de português.
Por isso repito: mudar é possível, mesmo que seja de forma lenta e muitas vezes na contramão do pensamento da maioria. Mas acredito: vale a pena tentar!