quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A importância do vídeo em sala de aula.

 Tecnologias educacionais são ferramentas importantes no contexto escolar. Atualmente estes recursos são quase incontáveis. Eles variam dos mais antigos e tradicionais como o rádio, por exemplo, até os mais tecnológicos e sedutores como o computador. Mas dentro desta imensa lista de recursos tecnológicos existentes e disponíveis nas escolas brasileiras, o vídeo é sem dúvida o mais utilizado e a ferramenta mais abrangente e eficaz existente.
            Quando falo ou penso em vídeo, enquadro todo o tipo de recuso visual digital ou analógico que estão disponíveis e agregam algum tipo de conhecimento específico pertinente naquele momento para uma determinada área do conhecimento, fragmentada na escola pelas diferentes disciplinas. As possibilidades do uso do vídeo são quase inesgotáveis, mas precisam estar aliadas a um bom planejamento e objetivos consistentes para sua aplicação. É fundamental portanto, que o professor conheça a fundo alguns elementos como: roteiro, duração, público alvo e personagens, em cada vídeo para poder aplicá-los com segurança e transformar este recurso em uma ferramenta que diferencie e agregue qualidade a seu trabalho.
            Minha área de atuação é a linguagem, então os vídeos são em si os maiores aliados possíveis para ilustrar e detalhar determinados conhecimentos, como os literários por exemplo. Isso significa que há uma pluralidade intensa na sua utilização como recurso e complemento didático em sala de aula.  Mas como toda a tecnologia educacional, a utilização do vídeo em sala de aula precisa ser repensada. Digo isso em função de que os alunos não devem ser receptores passivos somente do conteúdo de que os vídeos dispõem.
Creio que devemos pensar nos alunos como produtores de seus próprios vídeos. Este é um imenso desafio e uma barreira que precisa ser transposta com a tecnologia existente. Já é possível criar vídeos caseiros com máquinas digitais e editá-los posteriormente com softwares que acompanham a maioria dos computadores pessoais que estão disponíveis no mercado. Mas para a realização deste tipo de trabalho é fundamental planejamento e objetivos claros por parte do professor que será o orientador dos alunos nesta jornada.
A bem pouco tempo atrás, produz uma atividade de criação de vídeos caseiros para meus alunos da 8ª série. Após o choque inicial do desafio, a atividade foi plenamente aceita e 100% da turma a realizou. Para o desenvolvimento usamos o tema “saúde” que estava sendo trabalhado na escola como assunto de nossos vídeos.
Recorri ao site do Ministério da Saúde e encontrei diversos textos sobre a saúde de adolescentes e jovens. Dividi a turma em pequenos grupos e cada um destes grupos trabalhou com um destes textos como base para seu trabalho. Foram feitos resumos dos textos e roteiros foram planejados para os vídeos, que não poderiam ser maiores do que 5 minutos.
Máquinas digitais apostos, muitas dificuldades surgiram. Mas de certa forma, tentamos contornar cada um dos problemas que apareceram no percurso destes jovens “vídeos-amadores”.  Creio que o resultado foi plenamente satisfatório para esta primeira experiência.
Por isso creio que é importante ousar. Creio que cada professor pode achar seu caminho dentro das propostas que construir. É importante ser crítico, reescrever e editar seu planejamento, rever seus objetivos. E o mais importante de tudo: é preciso que o vídeo seja uma ferramenta, um recurso tecnológico ativo na construção dos saberes em sala de aula.
Após o dia 20/09/2010, os vídeos realizados pelos alunos estarão disponíveis para serem acessados no blog da escola.

terça-feira, 15 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mudanças são possíveis e necessárias

Em 1998, o Ministério da Educação lançou uma série de documentos chamados Parâmetros Curriculares Nacionais e junto destes importantes documentos, lançou uma revolução, especialmente no ensino de línguas. Basicamente apoiado nas teorias de Vygotisk e Bakhtin, desviou-se o foco gramatical das aulas para o do uso e ensino de línguas através dos gêneros textuais.
De lá para cá, percebe-se que pouco tem mudado nas escolas de forma geral. Pois a leitura dos PCNs ainda é bastante teórica e difícil para a maioria dos profissionais que estão no mercado de trabalho e muito pouco explorada nos cursos de graduação. Nos editais lançados para concursos públicos de professores, este documento muitas vezes não faz parte da bibliografia e nem é citado como “item” a ser estudado para a prova.
Isso causa um atraso e um retrocesso enorme na educação brasileira, pois uma vez ignorados os PCNs, muito poucas mudanças acontecem. Tentativas mascaradas de modernização são abandonadas e tudo fica com a forma tradicional de ser ensinada. No ensino de línguas, a gramática continua sendo estudada, repetida e decorada nos bancos escolares. Com a idéia de que quem sabe gramática, sabe uma língua. Este grande equívoco, continua sendo repetido, difundido e reproduzido Brasil a fora.
Mas é possível mudar. Para isso, é necessário em primeiro lugar esforço pessoal e estudo. Muito estudo, diferentes leituras e coragem de mudar. Leva-se tempo, mas repito é possível.
Durante o praticamente todo o ano de 2009, em meu município (Itaara-RS) tivemos este estímulo para mudança através do curso GESTAR II do MEC/UnB. E como fruto deste tempo de estudo, reformulamos nosso currículo no ensino de línguas. Ele foi organizado de forma espiral aberta onde qualquer conteúdo ou matéria pode ser retomada e ampliada de acordo com a necessidade de cada turma. Assim, tiramos da gramática o foco principal do estudo e colocamos os gêneros textuais, a leitura e a produção textual como ponto central de nossas aulas.
Isso significa dizer que a valorização do conhecimento prévio, a investigação dos saberes, a leitura de diferentes textos e a produção textual são práticas constantes e cotidianas em sala de aula. Isso não significa que abandonamos o estudo da gramática, ela é usada em menor escala e como acessório importante na explicação e na aprendizagem significativa dos alunos.
Esta nova metodologia aos poucos vem contaminando colegas de outras disciplinas. Hoje, muito mais facilmente conseguimos nos articular para trabalharmos interdisciplinarmente. A leitura e a escrita de uma forma geral, são mais valorizadas nas séries finais. E corrigir um “erro ortográfico” por exemplo, não é mais tarefa apenas do professor de português.
Por isso repito: mudar é possível, mesmo que seja de forma lenta e muitas vezes na contramão do pensamento da maioria. Mas acredito: vale a pena tentar!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Para desenvolver a leitura. O que é preciso?

Frequetemente a pergunta a cima é feita, nos mais diferentes ambientes de nossa sociedade. Este parece ser o maior desafio que pais e educadores estão enfrentando com as atuais gerações jovens.

Realmente não é fácil desenvolver um hábito nos jovens quando pais e professores não o possuem. Então, para que a resposta da pergunta acima seja feita é preciso primeiro refletir: eu tenho o hábito da leitura? Eu transmito este exemplo para meus filhos ou alunos? Dependendo da resposta, há no mínimo, duas reflexões.
Se você é um leitor, não se preocupe. Os jovens aprendem pelo exemplo. Mas mesmo assim, sugiro que você deixe ao alcance deles material para leitura, ou seja, compre gibis, revistas e livros que eles lhe solicitem. Peça para que eles ajudem com sua leitura, na confecção daquele almoço especial de domingo, faça com que eles leiam as receitas a serem usadas, por exemplo.
Peça para que seus filhos ou alunos leiam em voz alta para você ou para a turma uma notícia de jornal, uma sinopse de filme, uma propaganda e por que não, um artigo interessante de uma revista. Além da leitura, você está estimulando sua oralidade, sua desinibição, além de fazer com que seu filho ou aluno sintam-se especiais e valorizados.
Se sua resposta a pergunta “eu tenho o hábito da leitura” for negativa. Aí a mudança tem que acontecer primeiro em você. É preciso tornar-se um leitor, mesmo que não muito regular para poder ter moral de cobrar esse hábito de seu filho ou aluno. Descubra o que você gosta de ler. E faça com que eles percebam que você lê e domina um determinado assunto, por mais banal ou chato que ele pareça.
Ler é hábito, é treino, é condicionamento. Apaixonar-se pela leitura é mágica. Por isso, jamais negue a alguém um livro, uma revista, um gibi. Se naquele momento, por exemplo, você não possa comprá-lo, explique-se, justifique-se, faça um esforço. Não demonstre que livros, revistas ou gibis são caros ou supérfluos. Visite uma biblioteca pública, vá até um sebo. Mas não diga não, pelo não.
Desenvolver o hábito da leitura, não obrigatoriamente precisa ser a leitura dos grandes clássicos Machadianos. É perfeitamente aceitável que seu filho ou aluno leia todos os clássicos de Maurício de Souza, por exemplo. A leitura on-line também é um recurso. Mas para ela sugiro acompanhamento e atenção por parte dos pais e professores. Afinal existem coisas excelentes na Internet, como também existe muito lixo sendo produzido para ela.
Então ler é o fundamental. O que ler? Tudo o que desperte interesse. Cuide, direcione, esteja presente. Crie com a leitura momentos simples e prazerosos para serem guardados na memória de seu filho ou aluno, como algumas das melhores lembranças que ele tenha na vida. Faça da leitura sinônimo de prazer, carinho e afeto. Jamais faça dela uma coisa ou lembrança negativa, nem que para isso o primeiro a mudar tenha que ser você.

terça-feira, 23 de março de 2010

Reformulação dos planos de estudo e trabalho de Itaara/RS.

Introdução:
Em junho de 2009, o Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar II – GESTAR II - foi implementado no município de Itaara no Rio Grande do Sul e com ele muitas mudanças foram iniciadas. Mudanças de conduta, mudanças na organização e planejamento das aulas, mudanças no foco e nos objetivos de ensino.
Mas o ponto mais importante e inevitável é a questão da documentação destas mudanças. Por isso, este projeto tem como missão a reformulação os planos de estudo do município. Planos estes que mesmos revistos anualmente, não estão de acordo com os PCNs, pois o foco e o objetivo de ensino com os planos de estudo até 2009 são meramente gramaticais. O que transformou as aulas de língua portuguesa em aulas de gramática com produção textual e pouca atenção a produção oral e a leitura.
Com este projeto, busca documentar e sedimentar todo o conhecimento adquirido durante os meses de estudo em torno dos seis cadernos de Teoria e Prática que o curso nos ofereceu.
Objetivo:
Reformular os planos de estudo e trabalho do município de Itaara/RS para adequá-los aos Parâmetros Curriculares Nacionais, com ênfase no estudo de diferentes gêneros textuais e de diferentes dimensões de leitura.
Revisão de literatura (justificativa):
Para que mudanças significativas aconteçam no ensino de língua portuguesa no município de Itaara, segundo POSSENTI (2006, p.16) “é necessário uma revolução. No caso específico do ensino de português, nada será resolvido se não mudar a concepção de língua e de ensino na escola”. Então foi muito importante durante o percurso do GESTAR II compreender que a gramática é um acessório importante na língua e não seu foco de estudo.
Para BORTONE-MARTINS (2008, p. 31) “ É preciso levar nosso aluno a ler o mundo” e com isso compreender todo o qualquer texto escrito, bem como produzi-los com autonomia e competência. Neste sentido, o trabalho com os mais diferentes gêneros textuais é necessário, pois no atual momento em que nossas escolas estão, há uma grande distância o que realmente significativo do que está sendo ensinado.
Conforme ANTUNES (2007, p. 138) “ a proposta é que o texto (não a gramática) seja o centro do programa. O eixo.” Com este foco, os planos de estudo de Itaara estão sendo reformulados e repensados. Para aproximarem-se da realidade social em que nossos alunos estão inseridos, sendo assim, um programa de ensino pensado e planejado para ser significativo e relevante na busca da autonomia social que nossos jovens precisam ter em um mundo letrado.
Encaminhamento metodológico:
O presente projeto será desenvolvido pelos professores de língua portuguesa do município de Itaara/RS. Com o objetivo de reformular os planos de estudo e trabalho do município na disciplina de língua portuguesa.
A partir das reflexões e estudos desenvolvidos ao longo do ano letivo de 2009, os planos de estudo e trabalho serão reformulados para serem enquadrados nos objetivos propostos pelo Ministério da Educação desde o lançamento dos PCNs. Onde o foco de estudo em sala de aula passa a ser o estudo dos diferentes gêneros textuais, o desenvolvimento da oralidade e da leitura. Todos estes pontos embasados pelo conhecimento ortográfico e gramatical.
Neste sentido, a gramática deixa de ser o centro e o objetivo do estudo na língua portuguesa. Com isso espera-se que as aulas fujam de sua estrutura tradicional e muitas vezes burocrática, com exercícios de repetição e memorização de tópicos e regras. Para se tornarem mais próximas da realidade do mundo e dos alunos, partindo se seus conhecimentos prévios, buscando uma aprendizagem realmente significativa.
Bibliografia:
ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
BORTONE, Marcia Elizabeth. MARTINS, Cátia Regina Braga. A construção da leitura e da escrita. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
COSCARELLI, Carla Viana. Livro de receitas do professor de português. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.
MARKHAN, Thom (org.) – Buck Institute for Education. Aprendizagem baseada em projetos. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 1: linguagem e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 2: análise linguística e análise literária. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 3: gêneros e tipos textuais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 4: leitura e processos de escrita I. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 5: estilo, coerência e coesão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa Caderno Teoria e Prática 6: leitura e processos de escrita II. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de letras, 2006.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dia 25/02/2010: Planos de estudo.

Uma das atividades da formação continuada que a Secretaria de Educação proporcionou para os professores do município, foi o encontro por área de trabalho para a discussão e reformulação dos planos de estudo.
Nós, professores de língua portuguesa, aproveitamos a oportunidade para concluir a tarefa de reorganizar nossos planos. No final do ano passado, já haviamos feito dois encontros com este objetivo. O que nos colocou bastante a frente nas discussões e providências para este ano.
Em função do Gestar II, ficou claro que os planos de estudo que tínhamos estavam defasados e totalmente fora do contexto dos PCNs. Então, esta necessidade surgiu com força e juntos, mergulhamos na difícil tarfera de mudar concepções e criar novos paradigmas para nosso município no ensino da língua materna.
Muitos livros lidos, muitas idéias trocadas, muitos desafios e efim, baseados em nossos estudos, criamos novos planos de estudo alicerçados no estudo dos gêneros textuais e das diferentes dimensões da leitura.
Um grande desafio foi criado por nós para este ano de 2010! Estamos preparados para desenpenhar um bom papel. Mas sei que eu alguns momentos a insegurança baterá, pois deixamos uma zona de conforto (a gramática e as aulas tradicionais) para nos aventurarmos na viagem dos textos, da leitura e da produção.